Onde era pedra, branca e negra, é agora chão de mistura: areia, cimento e água. Os passos sucedem-se, pé ante pé, sobre a avenida dos Aliados, a descer. O Porto por aqui abaixo revela-me todos os elos da origem das espécies. É uma mulher com mais ar de homem do que eu. É um homem com mais ar de animal do que o cavalo da estátua de D.João IV. É por fim, onde me detenho, uma Praça da Liberdade. Por ali acaba de passar um homem vestido de mulher, mal vestido de mulher. E ao chegar aqui, ao sítio onde um homem veste o sexo diferente, das duas uma: ou é de noite e estou a passar pelo edifício do Jornal de Notícias, ou então é mesmo uma tarde de domingo e hoje é dia de carnaval. O frio levou os sorrisos de todos os rostos. Nenhum termómetro consegue acrescentar um grau que seja a esta história. A temperatura é de quando o tempo regressa à estaca zero.
Eram três horas da tarde. Era o dia dos namorados. O homem quer passar pelo quiosque para comprar o jornal que há-de ler ao café. A mulher diz que sim e que não se quer esquecer de uma revista para ler entre a torrada e o chá. Compram o jornal na rua de Sampaio Bruno, em frente à Casa da Sorte, onde o chão ainda é às pedras brancas e negras. E aí o azar bate à porta, ou então foi o nariz, porque o café está fechado. Desde ali, até ao lugar onde o carro está estacionado acontece o primeiro parágrafo do texto. Vamos ao terceiro.
Um namorado, no dia dos namorados, leva a namorada à cadeia. Dirão já as mais impetuosas almas que o romantismo, tal como o azar, ficou à porta. Mas isso seria como meter o nariz onde não se deve. Porque o namorado vai pagar a ousadia em croissants e torradas, ao lanche, e rosbife mais tarde, ao jantar. Mas não saltemos já na cadeia dos acontecimentos. Vamos à cadeia da relação. Ao Centro Português de Fotografia. À exposição Resitência, sobre o tempo em que a república portuguesa ainda se escrevia com zê. Vale a pena a visita. Ao fim de uma hora entre a alternativa republicana e a luta contra a ditadura, em imagens a preto e branco, porque não sair de lá com um colorido disparate onde se diz que nos séculos anteriores os presos viviam numa casa muito bonita.
Ao lanche, também houve café com leite e chá gelado, este último pedido por favor numa embalagem de temperatura natural. Ao jantar, os líquidos vinham de lambreta, quando eram vinho de pressão, e numa lata, mais destinada aos refrigerantes.
A noite ia acabar no Coliseu do Porto. Nada como um concerto para fechar um dia desconcertante, fica sublinhado o registo em português preguiçoso. Onde a língua chora como uma bola o faz quando é maltratada. Isto de se entrar no Coliseu e de se começar a falar de futebol confirma o facto de estarmos em Portugal. Ou então a culpa é da camisola do guitarrista. Tem todos os losangos utilizados pelo Paulo Bento e mais um. Pior está o teclista. Arrisca uma chicotada psicológica. E é o que lhe vai acontecer quando a mama direita da menina mais gorda do coro lhe acertar na cabeça. A ele ou ao senhor que controla os bilhetes para entrada na plateia. A mama esquerda já desceu do palco três ou quatro vezes.
Indiferente a tudo isto, a Joss Stone dança com o clitóris. A voz ferra os ouvidos antes de chegar à alma.
Eram três horas da tarde. Era o dia dos namorados. O homem quer passar pelo quiosque para comprar o jornal que há-de ler ao café. A mulher diz que sim e que não se quer esquecer de uma revista para ler entre a torrada e o chá. Compram o jornal na rua de Sampaio Bruno, em frente à Casa da Sorte, onde o chão ainda é às pedras brancas e negras. E aí o azar bate à porta, ou então foi o nariz, porque o café está fechado. Desde ali, até ao lugar onde o carro está estacionado acontece o primeiro parágrafo do texto. Vamos ao terceiro.
Um namorado, no dia dos namorados, leva a namorada à cadeia. Dirão já as mais impetuosas almas que o romantismo, tal como o azar, ficou à porta. Mas isso seria como meter o nariz onde não se deve. Porque o namorado vai pagar a ousadia em croissants e torradas, ao lanche, e rosbife mais tarde, ao jantar. Mas não saltemos já na cadeia dos acontecimentos. Vamos à cadeia da relação. Ao Centro Português de Fotografia. À exposição Resitência, sobre o tempo em que a república portuguesa ainda se escrevia com zê. Vale a pena a visita. Ao fim de uma hora entre a alternativa republicana e a luta contra a ditadura, em imagens a preto e branco, porque não sair de lá com um colorido disparate onde se diz que nos séculos anteriores os presos viviam numa casa muito bonita.
Ao lanche, também houve café com leite e chá gelado, este último pedido por favor numa embalagem de temperatura natural. Ao jantar, os líquidos vinham de lambreta, quando eram vinho de pressão, e numa lata, mais destinada aos refrigerantes.
A noite ia acabar no Coliseu do Porto. Nada como um concerto para fechar um dia desconcertante, fica sublinhado o registo em português preguiçoso. Onde a língua chora como uma bola o faz quando é maltratada. Isto de se entrar no Coliseu e de se começar a falar de futebol confirma o facto de estarmos em Portugal. Ou então a culpa é da camisola do guitarrista. Tem todos os losangos utilizados pelo Paulo Bento e mais um. Pior está o teclista. Arrisca uma chicotada psicológica. E é o que lhe vai acontecer quando a mama direita da menina mais gorda do coro lhe acertar na cabeça. A ele ou ao senhor que controla os bilhetes para entrada na plateia. A mama esquerda já desceu do palco três ou quatro vezes.
Indiferente a tudo isto, a Joss Stone dança com o clitóris. A voz ferra os ouvidos antes de chegar à alma.
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