A minha vida tem uma distância de quinze quilómetros. É a latitude média de um dia útil. A contar de uma freguesia com mar em Vila Nova de Gaia, a distância deixa a adivinhar que seja a sul, até esse sítio em que numa avenida citadina há uma bomba de gasolina por baixo de um prédio de habitação. Eu vou para o edfício anterior, à parte onde três pisos de escritórios têm escriturário nenhum. Há uma redacção televisiva por baixo de um consultório de fertilidade e por cima de uma agência de seguros. Exerço o meu ofício entalado entre o que acabei de contar. No rés-do-chão mora uma recém nascida loja de mobiliário.
A longitude dos meus passo não vai, por norma, além de dois quilómetros a contar do mar. Vivo de domingo a domingo num rectângulo de dois por quinze quilómetros. Falta-me chão debaixo dos pés. Não poderei dizer coisas para lá das linhas desta moldura pequena. Um dia saberei contar em detalhe a dureza das montanhas e o perfume das gardénias. Haja chão para calcar.
2 comentários:
Haja chão ;)
haja ;)
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