O polegar e o indicador fazem uma tenaz. Os dois, em conjunto e em aperto, seguram um cigarro que arde como se não houvesse bombeiros no mundo. O homem a quem pertencem estes dois dedos caminha em todas as direcções, não caminhando na direcção de algum lado. Anda um metro, regressa, caminha mais dois, regressa, atravessa a rua, chega a estar perto da relva do jardim, regressa, volta a estar neste sítio onde está em modo intermitente. O telefone não toca. O telefone não toca. Lá dentro, no escritório, o telefone não toca. E a barriga da perna não treme, o telefone não vibra, do bolso das calças também não chegam notícias. A tenaz abriu e deixou cair um filtro na calçada portuguesa.
Está à porta da empresa um homem branco de pele castanha. A cabeça está a suar e não se pode dizer que esteja sozinha nesse estado de espírito. As costas estão, porque a camisa não deixa esconder a verdade. Os sovacos estão muito. O peito, na parte onde os homens têm pêlos, está. Está meio corpo do sexo masculino a suar, no limite de um passeio. Na rua a vida segue os destinos que tem de seguir, a vinte, a trinta, a cinquenta quilómetros por hora e, em alguns casos, a pé. A parte inferior do corpo, esconde com um par de calças de fazenda cor de safari, se está a a sofrer da mesma condenação. O movimento das pernas denuncia pé ante pé todos os sinais de um homem inquieto. Outro cigarro perde cinza ao deixar-se tamborilar pelos dedos mindinho, médio e anelar. Tantos nervos na mão esquerda. E a Cíntia que não diz nada.
2 comentários:
espectáculo, amigo, vai mandando actualizações. Não que seja necessário, passo aqui todos os dias, mas mesmo assim... Abraço
Grande Pascoal :)Abração, deste que também segue a sua saga!
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