O lugar é a bancada central de um estádio, na última fila de cadeiras. A hora é depois das oito e vai durar noventa minutos. O palco é gigante, bonito de ser visto, mesmo a partir de uma altura de dezenas de metros. O palco é verde cor de relva. Chegam os artistas. São 22, puxados por mais quatro. Um destes da frente vem com uma bola na mão. Esse mesmo tem um apito, outros dois seguram bandeiras pequenas e o último está com ar de quem vem para ajudar no que der e vier e pouco mais do que isso. Os quatro são o corpo físico das regras que estão escritas em de número de 17, num livrete com 136 páginas. Nota adicional: as leis, inseridas uma pen, incorporadas junto às baterias do auricular, podem tornar mais competente e menos esquecido o homem a quem uns chamam juiz e outros árbitro e muitos outros gostam de chamar filho de mulher dada ao sexo pago.
Os 22 actores representam dois lados. A cada lado a sua cor. Neste encontro, os que vestem de azul e branco abrem as portas de casa a homens e rapazes tapados por roupa preta dos pés à cabeça.
Nos azuis há um defesa romeno. Quando era pequeno, os pais não o deixavam ir brincar para muito longe de casa. E ele, que agora já tem vinte e tal anos, fica preso ao lugar onde mora. Disseram-lhe para jogar no lado direito da defesa e ele joga no lado direito da defesa. Só aí, porque ir mais para a frente seria como ir brincar para longe de casa e os pais podiam não gostar muito da ideia.
Nos azuis, não posso deixar de reparar num argentino de cabelo comprido. É avançado. E tem dificuldades respiratórias. Dá o ar de quem sufoca, quando está fora de área. Lá dentro, é matemática: pé + bola = a golo.
Há dois camarotes pequenos ao nível da relva. É para os amigos mais chegados e para o administrador da equipa de trabalho. No camarote do lado esquerdo, manda um miúdo de 32 anos. A forma como abre o blazer e deixa a mão esquerda na anca... E a direita levantada para os gestos que dão voz à voz que não chega à parte mais longe do campo... E na sala de imprensa, o jeito como o dedo o indicador direito bate levezinho na mesa, ao lado do pé do microfone, quando os olhos baixam e deixam de olhar de frente os olhos de quem pergunta e espera por uma resposta.
Domingo, no estádio do Dragão, eu vi um clone. Sem ponta de medo cénico, em noite de estreia.
Os 22 actores representam dois lados. A cada lado a sua cor. Neste encontro, os que vestem de azul e branco abrem as portas de casa a homens e rapazes tapados por roupa preta dos pés à cabeça.
Nos azuis há um defesa romeno. Quando era pequeno, os pais não o deixavam ir brincar para muito longe de casa. E ele, que agora já tem vinte e tal anos, fica preso ao lugar onde mora. Disseram-lhe para jogar no lado direito da defesa e ele joga no lado direito da defesa. Só aí, porque ir mais para a frente seria como ir brincar para longe de casa e os pais podiam não gostar muito da ideia.
Nos azuis, não posso deixar de reparar num argentino de cabelo comprido. É avançado. E tem dificuldades respiratórias. Dá o ar de quem sufoca, quando está fora de área. Lá dentro, é matemática: pé + bola = a golo.
Há dois camarotes pequenos ao nível da relva. É para os amigos mais chegados e para o administrador da equipa de trabalho. No camarote do lado esquerdo, manda um miúdo de 32 anos. A forma como abre o blazer e deixa a mão esquerda na anca... E a direita levantada para os gestos que dão voz à voz que não chega à parte mais longe do campo... E na sala de imprensa, o jeito como o dedo o indicador direito bate levezinho na mesa, ao lado do pé do microfone, quando os olhos baixam e deixam de olhar de frente os olhos de quem pergunta e espera por uma resposta.
Domingo, no estádio do Dragão, eu vi um clone. Sem ponta de medo cénico, em noite de estreia.
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